AFIRMAÇÃO/PERGUNTA: Recentemente, um irmão declarou publicamente que achava que, quando um
indivíduo desejasse participar da comunhão aqui em uma localidade, que deveria
ser obrigatório que ele primeiro afirmasse que “o Senhor SÓ está no meio conosco”
(que sentimos que seguimos as Escrituras com mais obediência, etc., ou
quaisquer que sejam as outras razões) e não em nenhuma outra comunhão! Há um
grande número de nós que simplesmente não consegue fazer isso! Isso é ELE quem
decide, NÃO eu!
RESPOSTA:
as deficiências e falhas dos irmãos não são desculpa para colocar a verdade de
lado. Se alguém zeloso ao extremo disse alguma coisa que “passou dos limites”, ela
não pode ser considerada como uma afirmação doutrinal que os irmãos sustentam e
reconhecem. Quem fez a declaração acima claramente foi longe demais. Este seria
um exemplo do que mencionamos na introdução de irmãos bem-intencionados fazendo
declarações desequilibradas e imprudentes em seu desejo de defender a verdade.
Eles podem frustrar os jovens, mas isso de maneira nenhuma anula a verdade de
que Deus tem um centro de reunião ao qual o Espírito de Deus está reunindo Cristãos.
A pessoa que fez essa imprudente
afirmação não tem o suporte da geração anterior de irmãos mais velhos. Mr. W.
Potter disse, “Eu não fico feliz em ter que pensar que às vezes a mesa do Senhor
se torna, por assim dizer, uma conveniência. Por exemplo, aqueles conosco estão
com a visita de parentes que são membros de alguma denominação, mas que vêm junto
para a reunião, e desejam participar conosco da ceia ‘simplesmente como Cristãos’.
A mim, me parece que uma consciência correta e integridade os levariam à igreja
deles. Eles simplesmente vêm para a ocasião porque não se importam de romper temporariamente
com os amigos. Nesse ponto eu não estou feliz.”
“Parece-me que, em tais casos, a
nossa responsabilidade não é a de recusá-los, mas a de colocar diante deles a
razão pela qual estamos reunidos desta forma, que a nossa posição é um protesto
prático contra a falta de base bíblica das denominações, e que eles, ao participarem
conosco no ato da ceia naquele momento, identificam-se conosco nessa posição,
que é um protesto contra aquilo a que eles estão ligados e defendem
confessadamente. Será que eles estão dispostos, mesmo que temporariamente, a se
identificarem conosco? Onde as almas estão exercitadas é outra questão, e
parece-me que alguém se sentiria bem à vontade em sentar-se à mesa com eles.”
“Não é o exercício da alma o que
importa? Portanto, nenhuma regra pode ser estabelecida. Certamente não viria do
Senhor a exigência de que uma alma piedosa e exercitada, ligada a qualquer uma
das, assim chamadas, denominações ortodoxas, cortasse seus laços com a sua
igreja, antes de permitirmos que participasse conosco à mesa. Parece-me que
fazer isso é praticamente negar o terreno sobre o qual estamos reunidos.”
“Quanto àquelas congregações que
professam estar reunidas ao nome do Senhor, creio que se trata totalmente de
outra questão. Eles professam estar reunidos ao Seu nome e devem saber o porquê
de estarem separados de nós e nós deles. Se qualquer um deles desejar
participar da mesa conosco, as suas razões para isso devem ser investigadas e
medidas tomadas de acordo com o que for encontrado. Há sempre mais conhecimento
com eles, quanto à verdade divina, do que com os santos nas denominações, e eu
acredito que, em geral, eles não são tão desconhecedores das causas das
divisões entre nós quanto alguns deles às vezes querem nos fazer pensar.”
Essa citação mostra que o Sr.
Potter não acreditava que deveríamos exigir declarações e promessas daqueles
que querem estar em comunhão. Não fazemos as pessoas prestarem juramento a um
credo ou pedimos para fazerem uma declaração de fé, ou qualquer coisa do tipo.
Recebemos almas simples em fé, confiando que elas crescerão em sua apreensão da
verdade.
Esse princípio é visto em 2
Crônicas 30-31, quando Ezequias chamou o povo de Judá e o povo das dez tribos dispersas
para virem ao centro divino em Jerusalém e celebrarem a Páscoa. Ele não exigiu
que eles destruíssem seus ídolos antes de vir. Depois que eles vieram e
desfrutaram da Páscoa no centro divino, eles foram para casa e destruíram seus
ídolos e imagens. (Não estamos insinuando que as denominações criadas pelo
homem na Cristandade se assemelham à idolatria. Estamos falando do princípio de
uma pessoa se desligar de um erro religioso anterior.) O interessante a se notar
aqui é que Ezequias não tinha dito para eles fazerem aquilo! Foi uma resposta do
coração deles que veio puramente por terem estado na presença do Senhor em
Jerusalém.
Existe uma diferença entre alguém
associado ao erro clerical nas denominações por ignorância e alguém que ativamente
defende e promove o erro. Um crente, que pode desconhecer a ordem bíblica de
Deus para a adoração e ministério Cristãos, pode vir de uma denominação criada
por homens e que pratica uma ordem clerical querendo partir o pão à mesa do Senhor.
Mesmo estando associado a esse erro eclesiástico, se ele for uma alma simples,
não é provável que ele seja, nesse ponto, culpado de mal eclesiástico. E se tal
pessoa for conhecida por ser piedosa no andar e sã na doutrina, não deveria
haver impedimento para que ela partisse o pão, mesmo que não tenha cortado formalmente
sua ligação com essa denominação. Isso não significa que os irmãos acreditem em
uma recepção aberta à mesa do Senhor. A mesa do Senhor não é uma mesa fechada,
nem uma mesa aberta, mas uma mesa vigiada. Alguns que defendem uma
política de recepção aberta tentaram pegar coisas escritas pelos primeiros
irmãos para provar que eles ensinavam que a mesa deveria ser aberta. Mas eles,
de forma intencional ou por ignorância, enfatizaram apenas certas partes desses
escritos que se adequam ao seus interesses. Muitas vezes nos mesmos escritos
haverá declarações que qualificam essas observações, insistindo no cuidado que se
deve tomar na recepção.
A pergunta é: “Quando uma inconsciente
associação eclesiástica se torna um mal eclesiástico?” Cremos que a resposta
simples é: “Quando a vontade da pessoa está envolvida.” Averiguar isso exigirá
discernimento sacerdotal por parte da assembleia. Em casos assim, a assembleia
precisa depender muito do Senhor para conhecer a mente d’Ele sobre o assunto. Em
condições normais, os irmãos deveriam permitir que essa pessoa parta o pão,
esperando e confiando que Deus está trabalhando em seu coração e que ela, após
participar da ceia do Senhor, irá deixar o terreno em que anteriormente esteve
e continuar com aqueles reunidos ao nome do Senhor.
Portanto, não saímos por aí
acusando Cristãos em suas várias denominações de carregarem mal eclesiástico. Tais
pessoas podem estar identificadas com o falso sistema clerical predominante na Cristandade,
mas caso sejam eles ignorantes, dificilmente podemos considerá-los culpados. Judas,
depois de falar da falsa ordem clerical em sua epístola, fala da necessidade de
usar “de discernimento” (ARF) em relação a “alguns”
na confusão na Cristandade (Jd 11-13, 22-23). Isso mostra que devemos
distinguir entre os líderes e os liderados em se tratando de males
eclesiásticos.
Se uma pessoa quer continuar indo a
ambos os lugares regularmente, provavelmente é um sinal de que sua vontade está
agindo, e isso não deve ser permitido. J. N. Darby observou, “Diferença de visões
eclesiásticas não é razão suficiente para barrar uma alma. Mas se alguém
quisesse estar um dia entre os irmãos, e no dia seguinte entre as seitas, eu
não deveria permitir isso, e não receberia tal pessoa; pois, em vez de usar a
liberdade que lhe pertence para desfrutar da comunhão espiritual dos filhos de
Deus, ela avança na pretensão de mudar a ordem da casa de Deus e de perpetuar a
separação dos Cristãos.”
É verdade que, em matéria de recepção
à mesa do Senhor, seria mais simples ter um protocolo (um procedimento formal para
seguirmos). Poderíamos então exigir que alguém esteja de acordo com certas
regras e regulamentos antes de ser recebido. Mas isso tende a substituir a
simples comunhão com o Senhor e a nossa necessidade de discernimento sacerdotal
nessas questões por um sistema. Devido ao nosso estado, às vezes recorremos por
padrão a esse tipo de coisa ao receber, em vez de testar o nosso estado. Por
vezes os irmãos acabaram caindo no protocolo, em vez de cair no seio do Senhor
para aprender d’Ele qual é a Sua mente quando alguém chega buscando estar em
comunhão. Mas somos gratos por ainda haver, de modo geral entre os irmãos, o
exercício de cuidado na recepção, embora possamos errar às vezes pelo lado da
cautela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário