quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

CAPÍTULO 9: As Tristes Divisões Entre os Irmãos Não Invalidam a Verdade de Reunião em Mateus 18:20


DECLARAÇÃO/PERGUNTA: Existem tantas divisões entre os Irmãos e tantas pessoas saindo; como podemos achar que eles têm a aprovação do Senhor? Será que essas coisas não provam que os Irmãos estão sobre um fundamento completamente errado?
RESPOSTA: É verdade. É triste dizer que, em média, tem ocorrido uma divisão entre os congregados ao nome do Senhor a cada 20-25 anos. Um historiador da Igreja relatou: “Os Irmãos são conhecidos por dividirem corretamente a Palavra e erroneamente dividirem a si mesmos.” Infelizmente isso é verdade. Poderíamos nos perguntar por que é assim. Uma resposta seria a obra da vontade da carne. Se andássemos em julgamento próprio, não aconteceriam divisões. Mas quando nos recusamos a julgar a nós mesmos, Deus usa outros meios para nos humilhar e permite que uma divisão ocorra.
O Senhor quer verdade naqueles que estão ligados ao testemunho de estarem reunidos ao Seu nome. Uma vez que Ele deseja “a verdade no íntimo” (Sl 51:6), Ele quer que os nossos princípios sejam coerentes com o nosso posicionamento de estar reunidos ao Seu nome. Quando isso não acontece, o Senhor peneira o Seu povo, permitindo que divisões e dispersões ocorram até que ali permaneçam aqueles que genuinamente guardam os princípios de reunião sob os quais nos congregamos. O Senhor usa essas “chacoalhadas” para purificar o Seu testemunho.
Sofonias 3:11-13 fala da obra do Senhor de peneirar o Seu povo. O contexto da passagem tem a ver com o remanescente de Israel, mas o princípio mostrado nela se aplica às maneiras de o Senhor tratar com Seu povo em qualquer dispensação. “Tirarei do meio de ti [Jerusalém] os que exultam na sua soberba, e tu nunca mais te ensoberbecerás no Meu monte santo. Mas deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; e eles confiarão no nome do Senhor. O remanescente de Israel não cometerá iniquidade, nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; porque serão apascentados, deitar-se-ão, e não haverá quem os espante.”
Sempre haverá alguns nascidos e criados entre os congregados ao nome do Senhor que nunca realmente se apropriaram das coisas às quais estiveram conectados. Alguns podem ter tomado o seu lugar à mesa do Senhor por conveniência e podem até mesmo nem acreditar nos princípios sob os quais estão reunidos. Outros podem ter uma vez abraçado a verdade de estar reunido ao nome do Senhor, mas se tornaram deficientes em relação a ela. Assim como aqueles no navio que viajava para a Itália, eles simplesmente ficaram “saciados” com o trigo – que poderiam chamar de “doutrina dos Irmãos” – e jogaram-no ao mar (At 27:38 – TB). Mas, por mais estranho que seja, eles permanecem entre os santos reunidos.
Quando existem irmãos reunidos ao nome do Senhor que possuem princípios divergentes com relação a congregar – talvez princípios de Amalgamação, ou princípios de Irmãos Abertos, ou ainda mais longe, princípios denominacionais – e eles falam abertamente sobre seus pontos de vista (e pressionam para que sejam aceitos), a nossa voz coletiva na comunidade enfraquece. O resultado é que os irmãos não mais glorificam a Deus “com uma só mente e uma só boca” (Rm 15:6 – KJV). Nós nos perguntamos por que é que essas pessoas iriam querer estar entre os santos reunidos se elas não creem nos princípios que são parte integrante dessa posição. Não desejamos ver ninguém sair da assembleia, mas parece muita hipocrisia alguém estar ligado a essa posição remanescente e, ainda assim, não crer nos próprios princípios de sua existência.
De qualquer forma, quando existe tal condição entre o povo do Senhor, Ele opera para purificar o testemunho. Ele irá permitir uma tempestade sobre uma assembleia na forma de algum problema para testar aqueles que estão ali e, assim, manifestar o verdadeiro estado das coisas. 1 Coríntios 11:19 fala disso, dizendo: “E até importa que haja entre vós heresias [seitas – JND], para que os que são sinceros [para que o aprovado – JND] se manifestem entre vós” (TB). Do mesmo modo, o capitão de um barco a vela não sabe quão competentes são seus marinheiros até que eles sejam testados em uma tempestade; então, torna-se manifesto quem é e quem não é. Amós 3:6 diz, “Sucederá qualquer mal à cidade, e o Senhor não o terá feito?” Isso mostra que o Senhor permite (até mesmo envia) os testes. Se estamos entre os irmãos apenas por causa de ligações familiares, ou por alguma outra razão, o Senhor irá testar e “manifestar” isso. O fato de ter havido uma divisão ou dispersão em média a cada 20-25 anos nos diz que cada geração deve ser testada a respeito das verdades de reunião.
É importante entender que o Senhor é o Reunidor divino, mas Ele também é o Espalhador divino. Em ambos os casos, Ele tem um agente. Ao reunir, Ele usa o Espírito de Deus, mas ao espalhar Ele usa o diabo. Pode haver momentos em que o Senhor, em Sua maneira governamental de tratar com Seu povo, permite que Satanás entre no meio deles e espalhe alguns (Nm 21:6; Lc 22:31; Jo 10:12). Isso porque espalhar é uma obra de Deus tanto quanto reunir (Gn 3:23-24, 11:8-9; Dt 4:27, 28:64; 1 Rs 12:24, 17:20-23; 2 Rs 24:1-4; Jr 15:1, 4, 31:10; Ez 20:37-38, 36:19; Am 9:9-10; Sf 3:11-12; 1 Co 10:5). Quando o Senhor permitiu a grande cisão entre as tribos de Israel, Roboão tentou recuperar as dez tribos que seguiram Jeroboão na divisão, porém o Senhor enviou um profeta a Roboão, que mandou ele parar e desistir, dizendo: “Volte cada um para a sua casa, porque Eu é que fiz esta obra.” (1 Rs 12:24).
Não precisamos temer essas ações do Senhor entre o Seu povo, porém elas devem nos humilhar. “Ouvi a vara, e Quem a ordenou” (Mq 6:9). J. N. Darby disse que nunca viu o peneirar resultar em algo que não fosse bom; o castiçal brilha mais intensamente depois. Assim, quando uma tempestade chega a uma assembleia reunida ao nome do Senhor, não significa que essa assembleia esteja no terreno errado, mas que o Senhor está testando Seu povo. Aqueles que estão ligados ao testemunho e que não sustentam os princípios sob os quais professam estar reunidos podem ser peneirados nesse momento, e outros serão reunidos para continuar o testemunho até que o Senhor venha. Acho que poderíamos dizer que se trata do programa de manutenção de Deus, que é parte integrante de estar reunido ao nome do Senhor. Logo, as divisões continuarão a acontecer até que o Senhor venha.
Essa pode não ser a única razão pela qual Deus permite que divisões aconteçam, mas é certamente uma das principais. Se os princípios de reunião são de fato a verdade de Deus, podemos ter certeza de que Satanás irá atacá-los. A Escritura nos diz que nos últimos tempos “espíritos enganadores” (de demônios) tomarão conta da mente de alguns, que “apostatarão da fé” (1 Tm 4:1). Certos princípios e práticas serão abandonados, e muitas vezes os mesmos que os abandonam são os mais veementes contra a verdade. Satanás usará essas pessoas para fazer sua obra de dividir os santos, e Deus permitirá que ele peneire o Seu povo.

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RESUMO: divisões e dispersões, entre o povo do Senhor congregado ao Seu nome, não são um sinal de que eles estão reunidos sob princípios sem fundamento bíblico, mas de que o Senhor está testando e peneirando aqueles que estão ligados a esse testemunho. Se a ausência de divisão constitui quem está no terreno certo, então os católicos estariam certos – eles de fato tiveram apenas uma grande divisão em 1.400 anos!

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