O autor do comentário/pergunta faz
objeção à verdade da separação dentro da casa de Deus (a profissão
Cristã). Ele evidentemente acredita que tal coisa não existe na Escritura, porém
esqueceu de olhar algumas passagens importantes da Palavra de Deus.
A maioria dos Cristãos não tem
dificuldade de ver separação quando se trata do que está fora
da casa de Deus, isto é, em relação a pessoas não salvas. Mas se a separação é
mencionada em relação aos que estão dentro da casa de Deus, eles se
opõem veementemente. A razão para insistirem nisso é que o Novo Testamento
apresenta a comunidade Cristã como uma única família feliz que anda junto em
unidade. Na mente deles, não devemos andar em separação de nenhum crente
verdadeiro, pois, ao fazê-lo, estamos dividindo o rebanho de Deus e promovendo
o triste estado do testemunho da Igreja.
O problema nisso é não levar em
conta onde estamos na história da Igreja. Não estamos nos tempos do
Pentecostes, nem mesmo em tempos de grande avivamento; estamos nos “últimos
dias” da história da Igreja na Terra (2 Tm 3:1). O apóstolo
Paulo disse: “Mas o Espírito expressamente diz que nos
últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores,
e a doutrinas de demônios; pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo
cauterizada a sua própria consciência” (1 Tm 4:1). Ele também
disse: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos
trabalhosos; porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas”
(2 Tm 3:1, 4:3-4). Já que tal condição de irremediável ruína caiu sobre o
testemunho Cristão, separação na casa de Deus se faz necessária. Paulo também
disse: “Qualquer que profere o nome de Cristo [do Senhor – JND] aparte-se da iniquidade
(injustiça). Ora numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas
também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte
que, se alguém se purificar destas coisas, [se alguém tiver se purificado a si mesmo desses (vasos), em
se separando a si mesmo deles – JND] será vaso para honra, santificado e idôneo para
uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra” (2 Tm
2:19-21).
Deus certamente gostaria que todo o
Seu povo andasse junto na prática como uma única família feliz. Mas Ele também
nos disse que, quando o testemunho Cristão se corrompesse e a ruína entrasse,
deveríamos aplicar a verdade do Novo Testamento contida nas modificações que
nos foram dadas no que podemos chamar “as epístolas de ajuda”, isto é, as
“segundas” epístolas em nossas Bíblias. Essas epístolas ordenam o caminho do
Cristão em tempos de tal abandono. Há duas coisas que são proeminentes em cada
uma delas:
- A evidência do abandono do verdadeiro Cristianismo na doutrina ou na prática. Vários aspectos de colapso na responsabilidade Cristã são considerados em cada epístola.
- A importância de o crente se separar da corrupção e do erro – não apenas em sua vida pessoal, mas também em questões de comunhão coletiva.
O autor do comentário/pergunta
evidentemente está lendo sua Bíblia sem consultar as “segundas” epístolas.
Assim, embora seja verdade que Deus deseja que todos os membros do corpo de
Cristo estejam juntos em comunhão prática (Ef 4:1-16), e como uma irreparável
ruína está em todo o testemunho Cristão, as epístolas de “ajuda” indicam que
devemos assumir uma posição de separação do erro e da confusão (2 Co 6:14-17; 2
Ts 3:6-15; 2 Tm 2:19-21; 2 Pe 3:17; 2 Jo 8-11). Se não tivéssemos as “segundas”
epístolas em nossas Bíblias, não teríamos nenhuma autoridade para nos separar;
seríamos forçados a continuar com a massa da profissão Cristã em sua confusão.
Felizmente, toda a verdade de Deus,
como encontrada nas epístolas principais, ainda pode ser praticada hoje, mas
apenas em um testemunho remanescente que esteja separado da confusão e do erro
(isso foi tratado em detalhe no nosso primeiro volume de “Perguntas”).
Apartar-se da “injustiça” (TB) e recorrer a
uma posição remanescente onde “seguimos... com os que, com um coração puro,
invocam o Senhor” é uma separação eclesiástica na casa de Deus
(2 Tm 2:19, 22). É um aspecto de separação que desagrada imensamente, porém é
algo necessário por causa da ruína. Não é uma “atitude elitista”, mas simples
obediência à Palavra de Deus. Poderia muito bem haver uma “atitude elitista”
entre os santos reunidos (abordaremos isso mais adiante), mas agir de acordo
com a verdade bíblica de 2 Timóteo 2:19-22 não pode estar errado.
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